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TERTÚLIA
A Oficina da Liberdade realizou ontem, 8 de Fevereiro, uma tertúlia no centenário Clube de Leça sob o tema Trump – Impacto na Política Nacional e Geopolítica Global.
Convidou três pessoas: Jaime Nogueira Pinto, André Azevedo Alves e Alberto Gonçalves, apresentados por Telmo Azevedo Fernandes, em nome da OL, e Abel Tavares, que moderou e organizou em conjunto com Marco Bousende e João Pedro Marnoto.
Qualquer dos três escreveu sobre o tema frequentemente, antes e depois da recente eleição, e têm em comum uma opinião globalmente favorável quanto ao resultado, e portanto negando as previsões ominosas sobre a hecatombe na sociedade americana, e nas relações internacionais, que a comunicação social em todo o lado trombeteia ser a consequência da escolha da maioria dos eleitores americanos.
Quem se interessa por este assunto conhece a opinião dos três, diferente no ângulo e no estilo: Nogueira Pinto é um autor com vasta obra publicada sobre as direitas e a sua história, Azevedo Alves um académico com preocupações de índole liberal (no sentido europeu da palavra) sobre a evolução das sociedades contemporâneas e Gonçalves um americanófilo apaixonado com uma ácida e confessada aversão ao esquerdismo woke que levou um golpe que se espera mortal com esta eleição.
Ao vivo, são muito diferentes na maneira de expor: Nogueira Pinto faz lembrar (aos que, como eu, são velhos) o Vitorino Nemésio do Se Bem me Lembro, no discurso ocorrendo-lhe atalhos e derivações que, com outro, fariam perder o fio do raciocínio e a atenção da plateia; Azevedo Alves um académico da variedade não-chata, uma raridade; e Gonçalves a corporização da sua escrita inimitável, que é a do melhor cronista em todo o espaço da opinião publicada, amado por uma legião de admiradores e odiado por quem, precisamente por lhe reconhecer a superioridade, lhe detesta o mal que causa à difusão das ideias boazinhas e pràfrentex do wokismo, antissemitismo e esquerdismos sortidos.
O registo do que se passou ficará disponível em breve nos sítios habituais da Oficina, pelo que me dispenso de ir a isso. E o assunto, que dava pano para mangas, não ficou esgotado, longe disso. Creio que terá sido Nogueira Pinto a fazer uma interessante constatação, seguida de uma pergunta. A constatação é que os multimilionários que agora se diz que co-governam com Trump não o apoiavam antes da eleição, só foram acorrer ao beija-mão depois; e a pergunta é por que razão a comunicação social, que levou de andor, de forma esmagadora, Kamala, continua precisamente no mesmo registo, lá e cá, que o eleitorado rejeitou.
No vídeo não se verão, suponho, as instalações do Clube, ideais para estes eventos por terem, além da dignidade e conforto da casa, uma sala de jantar amplíssima (comensais foram cerca de 145, menos do que os pedidos que havia, por não haver espaço para mais) nem se dará conta do serviço irrepreensível.
Quem vai a estas coisas não está à espera de comer bem, desde logo porque o preço nunca pode ser alto, para não afugentar quem aprecia gente que vale a pena ouvir mas não quer, ou não pode, arruinar-se por causa disso.
Porém, houve um surpreendente beberete com oferta de espumante, vinhos, gin e o mais que alguém pedisse. Não prestei excessiva atenção mas não vi ninguém a beber água, excelente sinal, mas vi com espanto um carrossel de bandejas com uma impressionante variedade de canapés, rissóis e croquetes, tudo servido por uma inabitual quantidade de empregados.
Confesso: Abusei dos canapés porque o prometido arroz de robalo com legumes e os lombinhos de porco enrolados com bacon faziam-me antecipar uma experiência olvidável se fosse coisa assim-assim, e inolvidável se calhasse ser particularmente mau. Que nada, ó espanto, estava tudo bom, assim como eram decentíssimos os vinhos, com a particularidade de haver a atenção de reforçar o enchimento dos copos com inusitada frequência e, à sobremesa, ter aparecido um oportuno vinho do Porto.
Imagino que, no conjunto, a coisa deve ter dado prejuízo àquela casa, circunstância que não me prejudica o sono. E como pertenço à nação da Direita, ali estavam dela algumas tribos, e os palestrantes eram da nata do pensamento, a semana acabou em beleza e a Oficina, que generosamente me acolhe no seu seio, mostrou para que serve.
José Meireles Graça