E agora ?

Rodrigo Gonçalves da Silva

 

Chegamos aos dias de hoje com uma coligação negativa a que chamamos geringonça e que foi montada única e exclusivamente para evitar que Passos Coelho e a Direita continuasse, na medida do possível, a reforma de Portugal. À extrema-esquerda e depois do “jugo” imposto por Cavaco Silva em 2015, Antonio Costa fez o favor de em 2019 oferecer um presente envenenado; um acordo não escrito que permitia o regresso dos dias do “vinho e das rosas”.

Seis anos deste inédito acordo, Portugal está em completa falência. A dívida pública atingiu valores exorbitantes, o funcionalismo público o emprego social dispararam, o excedente obtido à custa de um saque fiscal esboroou-se e Portugal, sob um pomposo nome de PRR, mais não tem do que um plano de resgate em muito semelhante ao Memorando de Entendimento da Troika assinado pelo último governo PS. Dinheiro em troca de objetivos de reformas e cedido em boa parte sob forma de empréstimo.

Mas a falência verifica-se a outros níveis, como, por exemplo, ao nível do SNS, que está a perder profissionais em números nunca vistos e com a enorme fragilidade das suas estruturas a serem expostas todos os dias por mais uma leva de demissões ou mais um hospital que entra em ruptura. Falido nos alunos carenciados que ficaram para trás no acesso à aprendizagem em época de confinamento da liberdade. Falido sim, pois qualquer serviço administrativo do Estado está em total ruptura de serviços. Exagero? Tente o caro leitor marcar a renovação do cartão de cidadão do seu filho menor ou tirar um passaporte….. Porém, a maior falência é a das pessoas. Já ninguém acredita no Estado português como sendo uma pessoa de bem. O PS corrompeu a estrutura do Estado com os seus boys, os seus nepotismos, as suas pressões sobre a Justiça ou a imprensa, mas também corrompeu as pessoas com um extra na pensão, uma reversão “a la carte” dos tempos da troika ou qualquer outra benesse “gratuita” e suportada por todos de forma suave num imposto indireto.

O regime político abriu-se à extrema-esquerda e esta, em todo o seu esplendor, tornou Portugal neste lodaçal, em que ficámos mais pobres, mais desequilibrados, com os portugueses cercados de Estado por todo o lado, Estado este também ano apos ano, mais ineficiente e gastador. Um Estado omnipresente e cerceador das nossas liberdades individuais à conta da panaceia que foram as medidas de confinamento em que, pasme-se o leitor, teve o PCP de se erguer a dada altura para dizer basta! A extrema-esquerda foi enganada por Costa, principalmente o PCP e fartando-se disso, exigiu o suficiente para acabar com este inenarrável orçamento e com o próprio governo do PS.

Agora vamos para eleições, conforme o volátil Marcelo Rebelo de Sousa definiu. E ainda bem. O PS vai dramatizar, dizer que o país está bem e que a gestão da pandemia foi um sucesso mundial, que há uma bazuka para gastar e que a extrema-esquerda foi traidora a quem tanto e tão bom trabalho fez. O PS criou esta crise política e fará tudo para se beneficiar dela. PCP e BE num calculismo político execrável aproveitam para fazer uma gestão de danos em 2022 e terem 4 anos para recuperarem em caso de oposição a um governo de direita. O PSD, seja de Rio seja de Rangel dirá que o país está um pântano e que só eles podem retomar a senda do sucesso pois há uma bazuca para gastar. A extrema-esquerda, divide-se entre um PCP que já nada tem a perder pois perdeu quase tudo e em 2023 corria o risco de já nem ter deputados para ocuparem um táxi e um BE que assustado e em perca por excesso de compromissos com o PS, tudo irá fazer para não ter uma sangria de eleitores distribuídos entre PS, PCP PAN e IL. O PAN desaparece e o CDS também. O CHEGA ri e antecipo que seja desde já o grande vencedor das próximas eleições de 2022.

Da IL espero que seja nestas legislativas o que sempre prometeu ser; um partido anti-socialista, anti-intervencionista, anti- corporativista e que tenha um discurso claro, directo e frontal para todos aqueles que não precisam e não querem mais Estado nas suas vidas, mas sim mais liberdade para fazerem o seu caminho autónomo e responsável. Mais do que tudo, a IL tem de saber fazer passar uma mensagem de liberdade e possibilidade de prosperidade individual e ascensão social. Uma mensagem para o comum dos cidadãos e não apenas a uma pequena bolha centrada nas redes sociais, nas universidades e nas zonas de intervenção do ar condicionado dos escritórios de Bancos, Seguradoras, Consultoras e empresas de IT de Lisboa e Porto. Uma mensagem de liberdade e prosperidade que tem de extravasar estas camadas e entrar na mente do cidadão comum que tem o seu pequeno negócio, que não tem uma boa escola para matricular o seu filho, que não tem médico de família ou que sobre um rendimento de 800€ paga uma enormidade de impostos diretos e indiretos e ainda fica confinado em casa, privado da sua liberdade e a ver o seu filho definhar ao invés de estar na escola a aprender e a brincar.

Esta não é altura para confusões ao centro, de, sentada no muro, ter visões de equilíbrio entre as partes, qual fiel de balança política nacional. A IL vai ter de assumir de forma clara, que defende menos estado e mais liberdade individual, que defende a propriedade privada, o mercado aberto e a livre iniciativa. O resto interessando, interessa pouco.

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