Abel Tavares
A dita “direita fofinha” tradicional ainda ganha eleições. O discurso de Moedas foi o de uma alma grata, aberto a negociações e concessões com outros partidos, pois, que remédio… Rio já o tinha feiro nas 3 reeleições à Camara do Porto, Moedas volta a ser a prova viva de que para se ser considerado um potencial bom autarca e se ser eleito não é preciso ter carisma político ou mesmo ser-se bom político, basta ser-se competente: ser capaz de identificar os problemas, apresentar o seu programa e ideias de forma clara aos eleitores e expor as fraquezas da oposição, sem grandes promessas megalómanas; foi mérito seu, o CDS foi a reboque mas lá grita vitória enquanto pode.
O partido unipessoal Chega, que em tudo aponta aos ressentimentos e inquietações de uma franja dos portugueses, quase sempre com demagogia, grosseria e gritos de “vergonha” à mistura, e muitas vezes sem oferecer soluções concretas e exequíveis para os problemas que apresenta, conseguiu 19 vereadores no País; a campanha de “igualdade e inclusão” e demagogia do Bloco valeu-lhes 4. Assim e apesar do pobre resultado em Lisboa, Ventura soma e segue, e cada vez mais se avizinha o previsível: o CH consolidar-se como 3ª força política no País. Resta esperar que quando forem as legislativas, não venham eleger como deputados, “personagens” inenarráveis, idênticas às que o partido presenteou como candidatos os munícipes de alguns concelhos do País.
Por sua vez, a IL, com o seu idealismo político exacerbado, que em Lisboa mais serviram como tiros nos pés, conseguiu 0 vereadores no país todo, já com o devido pragmatismo político conseguiu eleger 1 vereador atrelado ao movimento de Rui Moreira no Porto; É pena! Quem sai prejudicado são os contribuintes, esperemos que tenham finalmente aprendido a velha máxima de Bismarck de que “a política é a arte do possível”.
Tal e qual a Fénix que renasce das cinzas, Santana Lopes renasce para a política e desta feita para a Presidência da Câmara da Figueira da Foz, é bom ver movimentos independentes a vingar e melhor ver socialista a perder.
No Porto, a campanha de RM foi uma campanha de chapéus e encenações a mais, e não com a espontaneidade idealista da primeira vez de combate ao centralismo. O discurso de vitória de RM era o de uma pessoa cansada e em fuga para o descanso, farto de campanha! Curta e pobre expressão… Saberia fazer diferente e os portuenses mereciam mais! À semelhança de Medina e talvez com “fezada” nas famigeradas sondagens, ambos deram “um passeio na avenida” a achar que seriam “favas contadas”, saiu-lhes o tiro pela culatra e uma lição de humildade; a um faltou-lhe o “quase” para a maioria ao outro faltou o “poucochinho”; Com as negociações que terá pela frente, o “Porto Ponto” de RM passará a ser “Porto ponto e vírgula”. Para Medina é mesmo “ponto final” e ainda bem! Cortem-se agora os tachos e as gorduras da AM de Lisboa.
Se de todo um mal se pode extrair um bem, aqui o oposto também é verdade, apesar da derrota contundente de Medina ter sido uma lufada de esperança para o País, ao mesmo tempo, a corrida à liderança do PS e, consequentemente a primeiro-ministro ficará eventualmente reduzida nas hostes socialistas entre Pedro Nuno Santos e Ana Catarina Martins, dois dos grandes vencedores de Domingo sem mexer um dedo, se hipoteticamente isso se vier a verificar, podemos assumir que perdemos todos.