O último a saber

João Pedro Marnoto

 

Assumo que o desalento perante o panorama político do país me fez viver as eleições com aparente apatia e desinteresse. E, mesmo com algum distanciamento, tanto por questões pessoais quanto profissionais, é no entanto difícil ficar alheio ao mundo que se nos entra por todas as frinchas que nem o frio de Inverno que aí se aproxima.

Com o espanto da troca de cadeiras em Lisboa e a não tão surpreendente, por um lado, perda de notoriedade autárquica tanto do BE como do PCP (espanto é ainda persistirem e vingarem tais ideais), como ganho de representatividade do Chega, fica claro o dito cartão, ainda que amarelo, a certas políticas em que o país persiste.

Mas o que mais me fica como conclusão a tirar, ainda que não seja surpreendente mas é bem sintomático de uma circunstância que tudo condiciona, é a forma como a comunicação social é dominada ideologicamente e parcial nas suas funções. Como alguém escrevia e bem, basta reflectir sobre a relevância de certos partidos políticos nas urnas versus a sua representatividade nos holofotes televisivos & mediáticos.

Mas exatamente por isso, e pela forma como muitos “espectadores” expressaram o seu voto, fica um sinal não tanto de uma ilusória esperança mas conforto em saber que muita (não toda infelizmente) mentira tem eventualmente perna curta. Porque no final da história, o Rei é sempre o último a saber que vai nú.

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